Open-access O Ensino de Sociologia como tema de pesquisa na pós-graduação brasileira (1993-2021)

The teaching of Sociology as a research topic in Brazilian postgraduate studies (1993-2021)

Resumo

O Ensino de Sociologia se tornou obrigatório no currículo do ensino médio em 2008, estimulando um debate – embasado especialmente nos estudos do “Estado da Arte” – em torno da consolidação da Sociologia como um campo ou subcampo de pesquisa no Brasil. Os balanços dessa produção científica que analisa trabalhos da pós-graduação não discutiram os efeitos do Mestrado Profissional em Sociologia (ProfSocio) e da Lei nº 13.415, de 2017, que excluiu a obrigatoriedade nominal dessa disciplina no ensino médio. Assim, este artigo, caracterizado metodologicamente pelo “Estado da Arte”, objetiva atualizar o debate sobre o ensino de Sociologia como tema de pesquisa na pós-graduação brasileira, com base no Banco de Teses e Dissertações da Capes. Os resultados indicam um aumento significativo de pesquisas, com ênfase para a região Nordeste, quando se leva em consideração o ProfSocio. Também evidencia a elevada participação feminina no conjunto da produção, bem como da relação intrínseca, ainda que não exclusiva, entre as áreas de Educação e Ciências Sociais no conjunto da produção acadêmica.

Palavras-chave:
pós-graduação; estado da arte; ensino de sociologia; campo

Abstract

The teaching of Sociology became compulsory in the secondary school curriculum in 2008, stimulating a debate – based especially on “State of the Art” studies – around the consolidation of Sociology as a field or subfield of research in Brazil. The reviews of this scientific production, which analyze postgraduate work, have not discussed the effects of the Professional Master’s Degree in Sociology (ProfSocio) and Law No. 13.415 of 2017, which excluded the nominal compulsory nature of this subject in secondary education. Thus, this article, methodologically oriented by the “State of the Art”, aims to update the debate on the teaching of Sociology as a research topic in Brazilian postgraduate studies, based on the CAPES Theses and Dissertations Database. The results indicate a significant increase in research, with an emphasis on the Northeastern region, when the Professional Master’s Degree is taken into account. We also noted the high level of female participation in the overall production, as well as the intrinsic, although not exclusive, relationship between the areas of Education and Social Sciences in the overall academic production.

Keywords:
postgraduation; state of the art; sociology teaching; field

1. Introdução

Esta pesquisa se insere em um debate: é possível falar de “campo”, “subcampo” (Eras, 2014; Ferreira; Oliveira, 2015; Bodart, 2019) ou “[...] campo de pesquisa em processo de autonomização” (Oliveira, 2022, 2023) do Ensino de Sociologia no Brasil? Contribuindo com essa discussão, observamos as dinâmicas das produções de teses e dissertações nos Programas de Pós-Graduação (PPGs) brasileiros, um dos principais espaços de prestígio social do campo científico nacional. Destacamos que as últimas coletas de dados para análises dessa produção ocorreram antes da conclusão da primeira turma do Mestrado Profissional em Sociologia em Rede Nacional (ProfSocio) e da Reforma do Ensino Médio (Lei nº 13.415/2017). Dentre os balanços realizados, estão os trabalhos de Handfas (2011), Handfas e Maçaira (2014), Bodart e Cigales (2017) e Antunes, Garcia e Alves (2019). A atualização do debate se justifica pela recente e contínua ampliação das dissertações e teses com foco no debate do Ensino1 de Sociologia.

Para examinar as dinâmicas recentes dessa produção, optamos por adotar contribuições bourdieusianas, por nos permitir mobilizar, de forma complementar, as perspectivas macro (que evidenciam as condições sociais, históricas, políticas e educacionais em que ocorre a produção científica da temática) e micro (que elucidam os agentes, discursos, ações e práticas que motivam essa produção científica). Tal possibilidade talvez explique por que Pierre Bourdieu (1930-2002) é o autor mais referenciado nos estudos da história do Ensino de Sociologia no país, uma vez que seus conceitos (campo, habitus e capitais) são cada vez mais operacionalizados na compreensão das dinâmicas de construção e disposição desse espaço (Bodart; Tavares, 2018).

Este trabalho se utiliza do princípio da bibliometria, visando apresentar o Estado da Arte das dissertações e teses dos PPGs acadêmicos e profissionais sobre a temática do Ensino de Sociologia. Buscamos integrar dois esforços analíticos complementares: uma abordagem quantitativa e reflexões teóricas contextuais dessa produção. Na abordagem quantitativa, investigamos o volume de teses e dissertações produzidas, bem como suas plataformas de publicização, os temas e os agentes sociais (pessoas e instituições) envolvidos. Já as reflexões contextuais buscam, a partir da Teoria dos Campos, fornecer elementos para explicar os dados observados, considerando aspectos mais amplos que impactam nessa produção científica.

Adotamos a Teoria dos Campos de Pierre Bourdieu (2001, 2004, 2019)2 para fornecer interpretações qualitativas à análise quantitativa da dinâmica do objeto em exame, especialmente considerando o contexto educacional brasileiro, com foco nas recentes mudanças nas políticas educacionais, e a criação do mestrado profissional em Ciências Sociais para o ensino médio da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e o ProfSocio3.

O objetivo deste artigo se orienta pelos seguintes questionamentos: a) os PPGs stricto sensu têm contribuído para consolidar o subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia? b) qual é a contribuição dos mestrados profissionais nesse processo? c) as tendências observadas nas pesquisas anteriores foram modificadas no contexto das mudanças educacionais recentes?

Organizamos este artigo em duas partes, além da introdução e das considerações finais. Na primeira parte, apresentamos os procedimentos teórico-metodológicos adotados. Na segunda, realizamos análises dos dados encontrados, considerando as dinâmicas sociais mais amplas que perpassam o que Mocelin (2020) denominou de “campo do Ensino de Sociologia”.

2. Procedimentos teórico-metodológicos e contexto de inserção do objeto de pesquisa

Inicialmente, apresentamos os procedimentos metodológicos que permitiram a construção do nosso corpus de pesquisa e, em seguida, esboçamos elementos da base teórica que orientam nossas análises. Os dados foram coletados em três fontes: a) base de dissertações e teses sobre o Ensino de Sociologia disponibilizado no blog Café com Sociologia4; b) Banco de Teses e Dissertações (BTD) da Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (Capes) (Brasil, 2022) e; c) banco de teses e dissertações de 28 Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil5. Para esses dois últimos levantamentos, usamos as seguintes palavras-chaves (descritores): “ensino de Sociologia”, “Sociologia na escola” e “Sociologia Escolar”. O levantamento foi realizado entre o período de 29 de junho a 21 de outubro de 2022. O uso de múltiplos espaços de coleta de dados visou mitigar as limitações6 de cada um deles. O recorte temporal adotado para a delimitação das buscas compreende o período de 1993 a 2021, correspondendo, respectivamente, ao ano do primeiro trabalho localizado e ao ano finalizado no momento da coleta de dados.

Ao todo, foram localizados 424 trabalhos de PPGs stricto sensu em diversas áreas, incluindo as dissertações do ProfSocio. Após a leitura dos títulos, resumos e palavras-chave de todas as pesquisas identificadas, verificamos que 385 trabalhos tratavam do Ensino de Sociologia, constituindo, assim, o corpus desta pesquisa.

A Teoria dos Campos de Pierre Bourdieu é mobilizada para refletir sobre as dinâmicas que contextualizam os dados quantitativos e a esfera social (o campo) relacionada a esses dados. Na teoria de Bourdieu, o campo é entendido como um espaço social hierarquizado, composto por determinadas regras sociais e com uma relação de poder assimétrica entre seus participantes. Além disso, é caracterizado pela tendência em estimular os agentes sociais a investir na busca por finalidades específicas capazes de favorecê-los, colocando-os em posições de destaque no campo e conferindo dinamismo a ele (Bourdieu, 2001).

As regras do campo orientam a ação dos indivíduos, de modo que, em geral, quanto mais capitais simbólicos o agente social possui, maior será seu esforço para conservar a estrutura social dessa esfera (Bourdieu, 2004). Como destaca Bourdieu (1990, p. 164), “[...] o capital simbólico pode ser oficialmente sancionado e garantido, além de instituído juridicamente pelo efeito de nominação oficial”. Esse é o caso dos títulos de mestre e doutor e, consequentemente, dos trabalhos de dissertação e tese defendidos para a obtenção dessas certificações.

Utilizamos o conceito de subcampo para analisar a estrutura do espaço social acadêmico no qual está localizado o tema “Ensino de Sociologia”. Além disso, esse conceito lança luz aos agentes (pessoas e instituições) e aos capitais simbólicos (elementos valorizados) que motivam e orientam suas ações, colocando-os em disputa no interior desse espaço e dinamizando o subcampo de pesquisa em questão.

Assim, sob a perspectiva bourdieusiana, entendemos as produções acadêmicas – no caso da pesquisa, teses e dissertações – como capitais simbólicos científicos que conferem distinção social ao seu possuidor. Os agentes são os pesquisadores que disputam no campo por capital simbólico e reconhecimento, enquanto os PPGs e as universidades são instâncias utilizadas pelos agentes para legitimar os capitais simbólicos e as regras dos jogos que se desenrolam no interior do campo científico. Ressaltamos que, na Teoria dos Campos Sociais, tanto pessoas quanto instituições são pensadas como agentes sociais, portanto, é necessário refletir, como nos sugere Oliveira (2023), que no caso do campo do Ensino de Sociologia, instituições consideradas periféricas para o campo da Sociologia ganham destaque como agentes de prestígio no campo do Ensino de Sociologia, como é o caso da Universidade Estadual de Londrina (UEL), uma das primeiras a criar uma linha de pesquisa nessa área.

É possível que Handfas (2011) e Handfas e Maçaira (2014) tenham sido as primeiras a adotar o conceito de “campo de estudos sobre o ensino de Sociologia” para nominar essa esfera. Na ocasião, a adoção do conceito não apresentou o rigor conceitual (Bodart, 2019) que ora costuma ser mobilizado. Em 2014, aparece a expressão “subcampo do ensino de Sociologia” para designar essa esfera social de pesquisa (Eras, 2014), “[...] embora sem que sejam apresentadas as diferenças terminológicas, chegando em alguns momentos serem usados como sinônimos” (Bodart, 2019, p. 16).

Em seguida, Oliveira (2015) considerou a possibilidade de denominarmos a esfera de pesquisa sobre Ensino de Sociologia como um “subcampo”. Contudo, naquele mesmo ano, o autor (Ferreira; Oliveira, 2015) afirmou não haver um “campo” e, talvez, nem um subcampo dentro da Sociologia, tendo em vista que o ensino é um tema de pesquisa historicamente instável na agenda das Ciências Sociais. Também indicou como fator preponderante a influência da política educacional que legitima a disciplina na educação básica e, consequentemente, influencia o estudo da temática no campo científico. Havia, nessas pesquisas pouca clareza e rigor nos usos dos conceitos de campo e subcampo.

Mais adiante, Bodart e Cigales (2017) adotaram o conceito de “subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia” ao se referirem à esfera de produção científica sobre o tema, portanto, uma parte do campo do Ensino de Sociologia envolvendo as pesquisas, os eventos acadêmicos, os pesquisadores, as instituições, grupos de pesquisas e os programas de estímulo à produção científica, bem como os espaços de divulgação acadêmica, tais como os periódicos. Posteriormente, Oliveira e Melchioretto (2020) destacaram, ao examinarem a produção de artigos publicados em periódicos vinculados às pós-graduações stricto sensu, ser necessário perceber essa produção como um “(sub)campo em processo de autonomização”.

Reforçando essa conceituação, Oliveira (2022, p. 138) destacou que “[...] apesar dos diferentes recortes metodológicos utilizados, observamos alguns pontos de convergência que tendem a reforçar a existência de um ‘campo de pesquisa em processo de autonomização’”. Ampliando o locus de observação, Mocelin (2020) destacou que existe hoje um “campo do ensino de Sociologia” relativamente autônomo constituído por pesquisas, pesquisadores do tema, professores de Sociologia do ensino básico, currículos, sistemas de avaliações e de produção de recursos didáticos etc., envolvendo cerca de 60 mil participantes. Para ele, “[...] a construção, organização e institucionalização desse espaço próprio é o reconhecimento de que se tem uma especialidade” (Mocelin, 2020, p. 21). Tal definição, extrapola o que se denominou “subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia”; este delimitado à esfera acadêmica.

Nesse sentido, refletimos sobre a esfera social relacionada ao ensino das Ciências Sociais/Sociologia como um espaço social de produção de conhecimentos e práticas sociais em constante movimento, o qual denominamos de “campo do Ensino de Sociologia”. Dentro desse campo, identificamos um subcampo com capitais simbólicos e regras que se diferenciam das observadas no campo mais amplo, embora diretamente relacionadas. O denominamos de “subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia”. Para pensar no subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia, é necessário, antes de tudo, reconhecer que existem regras que o legitimam e agentes que jogam, disputam, reconvertem e trocam capitais simbólicos a partir desse espaço social. Tratando-se de uma parte especializada de um campo científico, é necessário identificar, em primeiro lugar, se há de fato uma rede de indivíduos e instituições capazes de disputar e acumular diferentes tipos de capital simbólico e de reforçar ou modificar as regras desse espaço social, configuração evidenciada por Bodart (2024a) ao analisar a constituição de uma rede conexa de pesquisadores do Ensino de Sociologia que ocorre por meio de coautorias e coparticipações em espaços institucionais especializados no tema em questão.

O campo do Ensino de Sociologia é constituído por variados agentes sociais e estruturas por eles produzidos e legitimados. Dentre esses agentes estão os professores de Sociologia da educação básica, os produtores de livros didáticos para o ensino de Sociologia, os estudantes do ensino médio, os pesquisadores do Ensino de Sociologia, entre outros. O Quadro 1 apresenta elementos que nos auxiliam na compreensão da composição e das dinâmicas do “campo do Ensino de Sociologia”. Grosso modo, “[...] o campo do ensino de Sociologia constitui uma comunidade empenhada por sua prática na produção e na promoção de uma Sociologia que seja aplicável na escola” (Mocelin, 2020, p. 57).

Quadro 1
Elementos constitutivos das dinâmicas do “campo do Ensino de Sociologia” brasileiro

Apesar de haver um impasse sobre como definir o Ensino de Sociologia – “campo”, “subcampo” ou “campo em processo de autonomização” –, a conceitualização desse objeto nos permite melhor visualizar como essa temática se organiza no espaço acadêmico, bem como suas proporções quantitativamente mensuráveis (revistas, teses, dissertações, artigos, regiões, instituições e programas de pós-graduação etc.). Também é importante destacar que a menor ou maior autonomia desse espaço tem relação com as configurações histórico-institucionais de uma comunidade academicamente engajada e profissionalmente envolvida com a orientação de trabalhos na graduação e pós-graduação, coordenação de programas de formação docente, supervisão de estágios obrigatórios nos cursos de licenciatura, organização de eventos, livros e dossiês e participação em associações profissionais. Ou seja, mais do que pensar o “campo” como construto teórico na análise da dinâmica acadêmica, também temos que levar em consideração seu aspecto político de legitimação de um espaço social no espaço de produção da ciência brasileira.

Optamos por considerar a esfera social que aqui analisamos como “subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia” por entendermos que: a) trata-se de um recorte de duas esferas maiores, o campo do Ensino de Sociologia e o campo de pesquisa das Ciências Sociais; b) é dotado de capitais simbólicos científicos, espaços de distinção e regras do jogo que animam os pesquisadores, mas não os demais agentes do campo do Ensino de Sociologia, como os professores da educação básica e os estudantes desse nível de ensino. Contudo, o subcampo em questão só existe em relação às esferas mais amplas, sendo elas o campo científico das Ciências Sociais e o campo do Ensino de Sociologia, este constituído pela conformação dos campos da Educação e das Ciências Sociais.

3. O ensino de Sociologia na pós-graduação brasileira

As pesquisas sobre o “Estado da Arte” do Ensino de Sociologia nos PPGs stricto sensu brasileiros demonstraram ao público acadêmico a existência de uma área de pesquisa (Handfas, 2011), evidenciaram a relevância dos PPGs em Educação e Ciências Sociais para a sua consolidação (Handfas; Maçaira, 2014) e a relevância das IES públicas para o desenvolvimento de um subcampo de pesquisa (Bodart; Cigales, 2017).

Em diálogo com pesquisas já realizadas, este trabalho busca avançar na discussão ao evidenciar: a) as dissertações e teses de PPGs acadêmicos e profissionais sobre o Ensino de Sociologia; b) as dinâmicas da temática nos PPGs após a Reforma do Ensino Médio; c) o efeito quantitativo da conclusão das primeiras turmas do ProfSocio no conjunto das dissertações e teses sobre o tema em questão; e d) os temas explorados nas teses e dissertações quando tratam do Ensino de Sociologia.

4. Ocupando o espaço

Dos 385 trabalhos (dissertações e teses) defendidos entre 1993 e 2021 sobre o Ensino de Sociologia, 187 foram apresentados em mestrados profissionais e 165 em mestrados acadêmicos. Não identificamos nenhuma defesa de tese em PPGs profissionais. Dentre as dissertações e teses defendidas em PPGs acadêmicos, 93 foram na área da Educação, 37 em Sociologia e 35 em Ciências Sociais. Considerando apenas essas áreas, ao todo, identificamos 352 defesas, representando 91,42% dos trabalhos encontrados. Os demais 33 trabalhos estão alocados em torno de 22 outros PPGs, o que reflete certa permeabilidade da temática para além da área de Educação e Ciências Sociais7. A maior concentração de trabalhos está no ProfSocio (44,6%).

Em um trabalho anterior, Bodart e Cigales (2017) analisaram o período de 1993 a 2016 e localizaram 106 trabalhos de PPGs stricto sensu sobre o Ensino de Sociologia. Desde então, houve uma ampliação de 231,13%, evidenciando uma dinâmica crescente em torno desse tema. Para verificar essa dinâmica, analisamos a evolução quantitativa das dissertações e teses defendidas sobre o Ensino de Sociologia no Brasil. Os dados são apresentados no Gráfico 1.

Gráfico 1
Número de teses e dissertações acadêmicas e profissionais publicadas no Brasil entre 1993 e 2021.

Considerando os dados do Gráfico 1, podemos inferir ter havido uma expressiva ampliação de trabalhos entre 2008 e 2009, seguida de um crescimento contínuo de 2012 a 2016. Embora observemos uma redução de pesquisas nos anos de 2017, 2018 e 2019, o número de trabalhos permaneceu superior ao ano de 2009. O maior volume ocorreu no ano de 2020, com 141 defesas, seguido do ano de 2021, com 44.

Essa dinâmica de ampliação de pesquisas está inserida em um contexto multifatorial recente destacado no Quadro 1, considerando: a) a obrigatoriedade do ensino de Sociologia; b) as políticas públicas educacionais de formação docente; c) a inclusão da Sociologia no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD); d) a publicação de Diretrizes Curriculares de Formação de Professores, que auxiliam na construção de cursos de licenciatura em Ciências Sociais com identidade própria8; e) a expansão de cursos de licenciatura em Ciências Sociais e de professores universitários para atender às disciplinas pedagógicas específicas; f) a ampliação de eventos acadêmicos relacionados ao Ensino de Sociologia; e g) a oferta do ProfSocio. Este, em 2020, formou a primeira turma, o que explica o incremento no número de defesas sobre o Ensino de Sociologia naquele ano.

A criação do ProfSocio tem um impacto mais rápido e direto sobre o campo do Ensino de Sociologia, já que grande parte de seu público é composto por professores da educação básica, e muitos dos trabalhos se voltam às suas práticas docentes (Gonçalves, 2021). É certo que o título de mestre (como o de doutor), profissional ou acadêmico, é um capital simbólico que, por sua vez, como destaca Bourdieu (1990), ao ser sancionado pela instituição, pode gerar ganhos sociais (capital cultural e social) e financeiros (capital econômico), pois sendo este reconhecido juridicamente pelo efeito da oficialização, permite ascender na carreira profissional docente.

Para uma melhor visualização dos resultados, optamos por trabalhar com 91,42% dos dados9, referentes às dissertações e teses defendidas nos PPGs de Educação, de Sociologia, de Ciências Sociais e nos mestrados profissionais. Os dados são expostos no Gráfico 2.

Gráfico 2
Número de teses e dissertações nas áreas de Sociologia, Ciências Sociais, Educação e mestrado profissional (1993-2021).

O Gráfico 2 evidencia o grande volume de trabalhos defendidos no mestrado profissional nos anos de 2020 e 2021, destacando-o, em se tratando de dissertações de mestrado, como locus de produção científica sobre o Ensino de Sociologia. Anteriormente, Handfas e Maçaira (2014) haviam destacado a predominância de trabalhos defendidos em PPGs de Educação. Em análise posterior, Bodart e Cigales (2017) observaram que a soma dos trabalhos defendidos em programas das áreas das Ciências Sociais (Antropologia, Sociologia, Ciência Política e Ciências Sociais) superava o volume de trabalhos defendidos nos PPGs de Educação. Nesse levantamento, constatamos que os programas de mestrado profissional concentram a maior parte dos trabalhos defendidos (48,57%), seguidos pelos PPGs de Educação (24,15%).

É importante considerar que a área de Educação possui um número maior de PPGs stricto sensu em comparação com as áreas de Sociologia e Ciências Sociais (Oliveira; Melchioretto, 2020). Um aspecto conjuntural que ajuda a explicar a presença dos PPGs em Educação está no fato de que muitos orientadores que realizam pesquisas sobre o Ensino de Sociologia estão vinculados a esses programas, o que acaba atraindo estudantes interessados em pesquisar o tema. Quanto à grande presença dos mestrados profissionais, essa situação pode ser explicada pela presença do ProfSocio, um programa que incentiva pesquisas aplicadas às práticas profissionais, geralmente relacionadas ao Ensino de Sociologia.

No Gráfico 3 apresentamos os dados coletados considerando apenas os PPGs acadêmicos, o que representa 165 trabalhos ou 42,85% da amostra.

Gráfico 3
Número de teses e dissertações acadêmicas na área de Educação, Ciências Sociais e Sociologia (1993-2021).

Ao examinarmos o período de 1993 a 2021, é notável o significativo aumento de defesas de teses e dissertações em PPGs acadêmicos que trataram do Ensino de Sociologia. Até 2016, haviam sido identificados 106 trabalhos (Bodart; Cigales, 2017); após essa data, até o ano de 2021, foram defendidas 59 novas teses e dissertações sobre o tema. Antunes, Garcia e Alves (2019) também destacaram que a reintrodução da Sociologia no ensino médio, em 2008, resultou em um aumento significativo no volume de pesquisas de PPGs na área. Observamos que essa dinâmica continua até o momento da coleta de dados desta pesquisa, fortalecendo a hipótese de que estamos diante de um “subcampo de pesquisa” em processo de autonomização. Essa tendência é um importante impulso para o desenvolvimento da área no Brasil, pois pode organizar espaços profissionais não apenas na educação básica, mas também no ensino superior, especialmente nos cursos de formação de professores. Conforme destacam Bodart e Tavares (2020), esses cursos ganharam predominância sobre o bacharelado em Ciências Sociais após a obrigatoriedade do ensino da disciplina em 2008, evento que foi acompanhado pela expansão dos cursos superiores de licenciatura e por uma melhor definição legal desses cursos a partir dos anos 2000.

Além disso, é importante considerar que o número de pesquisadores vinculados aos PPGs que se dedicam ao tema do Ensino de Sociologia vem aumentando. De acordo com Oliveira e Melchioretto (2020), ao analisar a publicação de artigos em revistas ligadas aos PPGs, verificou-se que sete dos dez pesquisadores que mais publicaram sobre o tema nessas revistas estão vinculados como docentes a programas nas áreas das Ciências Sociais. Juntos, esses pesquisadores orientaram 25 trabalhos de mestrado e dois de doutorado relacionados ao Ensino de Sociologia, além de dois trabalhos de mestrado em Educação, orientados por um dos pesquisadores desse grupo. Chama a atenção o fato de que, dentre os dez autores com mais publicações nessas revistas, somente dois elaboraram suas dissertações ou teses sobre o Ensino de Sociologia (Oliveira; Melchioretto, 2020), o que sugere que outros pesquisadores têm se interessado pelo tema. Esse dado indica uma ampliação do dinamismo do subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia.

Tal fenômeno tem criado condições cada vez mais favoráveis à pesquisa e à divulgação, o que tem atraído a atenção de pesquisadores para o tema do Ensino de Sociologia. Dentre os fatores que contribuem para isso, destacam-se a ampliação das referências bibliográficas, a existência de programas de bolsas para discentes, como o Programa de Residência Pedagógica (PRP)10 e o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), a disponibilidade de entidades científicas, revistas, eventos especializados, entre outros. Assim, muitos agentes sociais veem nele uma oportunidade para alcançar posições de destaque no campo acadêmico, possibilitando que a temática se transforme num capital simbólico valorizado, ainda que tenhamos que reconhecer o baixo grau de reconversão desse capital para outros campos científicos.

É importante ressaltar que, em 2017, foi aprovada a Reforma do Ensino Médio (Brasil, 2017b), a qual revogou a obrigatoriedade nominal da disciplina de Sociologia no currículo do ensino médio. Além disso, nos últimos dois governos, de Michel Temer (2016-2018) e de Jair Bolsonaro (2018-2022), as áreas de educação e pesquisa sofreram duras restrições orçamentárias, e as disciplinas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, incluindo a Sociologia Escolar, foram alvos de ataques públicos de alguns políticos de extrema-direita. Não se pode considerar a temática de pesquisa do Ensino de Sociologia desvinculando-a dos PPGs de Educação, Ciências Sociais e Sociologia11, pois compreendem áreas que, juntas, possuem características relevantes para pensarmos a esfera social em questão como um subcampo de pesquisa no país. Caso a análise ocorra em separado, seria difícil argumentar que de fato há um campo/subcampo ou campo em processo de autonomização.

Compreendemos que essa relação intrínseca entre Educação e Ciências Sociais no campo do Ensino de Sociologia se configura, dado que o modelo de formação de professores de Ciências Sociais no Brasil não se estrutura de forma homogênea nas IES. Em algumas instituições, os estágios obrigatórios e as disciplinas voltadas às licenciaturas se concentram nos próprios departamentos de Ciências Sociais; em outras instituições, tais componentes são ministrados nas Faculdades de Educação, o que nos faz pensar que esses dois modelos que centralizam e descentralizam a formação também têm efeitos na forma como as pós-graduações das duas áreas se organizam em relação à pesquisa da temática.

Para uma melhor visualização do período, o Gráfico 4 apresenta o número de trabalhos publicados sobre o Ensino de Sociologia entre 2015 e 2021, categorizados pelos PPGs de Educação, Ciências Sociais, Sociologia e Mestrado Profissional. Os dados revelam que o número de defesas se manteve estável entre 2018 e 2022, com uma média de sete a oito por ano. Nesse contexto, o Mestrado Profissional contribuiu significativamente para a vitalidade do subcampo, com um grande volume de dissertações nesse período.

Gráfico 4
Número de teses e dissertações na área de Educação, Ciências Sociais, Sociologia e mestrados profissionais sobre Ensino de Sociologia (2015-2021).

A partir de 2015, temos as primeiras publicações sobre a temática “Ensino de Sociologia” nos mestrados profissionais, os quais não se limitam ao ProfSocio. Durante esse período, houve 18 trabalhos defendidos em PPGs de Sociologia, 23 em PPGs de Ciências Sociais, 46 em PPGs de Educação e 187 em mestrados profissionais, totalizando 274 defesas. Esses números correspondem a 71% de toda a produção analisada (385). Em virtude da conclusão das primeiras dissertações do ProfSocio12, o número de defesas em 2020 e 2021 provocou uma diferença significativa em relação aos demais períodos.

Como destacado por Bourdieu (2019), a análise de cada novo campo revela propriedades específicas e únicas que são características daquele campo em particular. No caso em análise, encontramos duas importantes peculiaridades: a) o subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia é resultante da imbricação de dois outros campos (Educação e Ciências Sociais), sem os quais não poderemos entendê-lo; b) o mestrado profissional – mas não só – tem se apresentado como um importante ampliador de suas fronteiras, promovendo um diálogo mais direto com o que Mocelin (2020) denominou de “campo do ensino de Sociologia”, sem o qual também não podemos pensar em um “subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia”; e c) há uma imbricação cada vez maior entre os espaços acadêmico e profissional.

No âmbito da pós-graduação, o curso de doutorado é o espaço de maior distinção social, se comparado com o mestrado. Por isso, optamos por observar também separadamente as teses de doutorado. Nesse levantamento, encontramos 27 teses, sendo a primeira defendida no ano de 2002. Os dados são apresentados no Gráfico 5.

Gráfico 5
Número de teses sobre o Ensino de Sociologia (2002-2021) por PPGs e total.

Identificamos uma concentração de teses defendidas em PPGs em Educação, totalizando 12 trabalhos. Em seguida, encontramos cinco teses defendidas em PPGs em Ciências Sociais e quatro em PPGs em Sociologia. Os demais seis trabalhos foram defendidos em PPGs de Sociologia Política (1), Antropologia Social (1), Sociologia e Antropologia (2), Desenvolvimento Rural (1) e Política Públicas e Formação Humana (1). A reduzida presença de PPGs de Sociologia Política, Antropologia e a ausência de PPGs de Ciência Política corroboram com o apontamento de Oliveira (2022), de que a Ciência Política e a Antropologia mantêm um histórico afastamento em relação ao tema do ensino, mais especificamente – afirmamos –, ao ensino de Ciências Sociais na educação básica.

Se a pesquisa sobre o Ensino de Sociologia tem ganhado prestígio social em PPGs de Educação, Sociologia e Ciência Sociais, o mesmo não pode ser afirmado para além desses programas. Embora o fato de estar circunscrito a um espaço social demonstre as limitações do alcance do tema, também evidencia a delimitação das fronteiras do “subcampo da pesquisa do Ensino de Sociologia”. No entanto, é importante ressaltar que é preciso dialogar com o campo do Ensino de Sociologia, sem ignorar as instâncias não universitárias, como indicado por Pereira (2022, p. 173).

Se temos professores(as) da educação básica, superior e profissional, estudantes de graduação e pós-graduação, relação com movimentos sociais, sindicatos, parlamentares e diálogo propositivo com as demais associações científicas do campo acadêmico, logo, temos um espaço privilegiado de atuação, talvez original em nosso país.

Pereira (2022) defende que devemos pensar para além do subcampo de pesquisa, uma vez que há uma confluência entre agentes e estruturas que entrelaça pesquisa e prática de ensino, fazendo ciência e ato político, instâncias acadêmicas e escolares, análises e proposições, docentes e pesquisadores, entre outros. De fato, conforme argumentado por Mocelin (2020), temos um campo do Ensino de Sociologia, o que não exclui a existência de um subcampo de pesquisa, ainda que reconheçamos a interação e a imbricação com outras instâncias, como destacado por Pereira (2022). Essa imbricação, como evidenciou Bourdieu (2021), é típica de um subcampo, e mesmo do campo, que não é completamente autônomo em relação a outros campos sociais. Nesse sentido, é essencial reconhecer a existência desse campo para fortalecê-lo.

5. As instituições engajadas na pesquisa sobre Ensino de Sociologia

Considerando que a estrutura de um campo (ou subcampo) pode ser entendida como uma configuração de relações de poder entre os agentes ou instituições que estão envolvidos na disputa (Bourdieu, 2019), importa examinarmos o locus de produção das dissertações e teses, capitais simbólicos valorizados no subcampo do Ensino de Sociologia. Nesse sentido, a fim de verificar se as dinâmicas observadas nos PPGs em relação às pesquisas sobre o Ensino de Sociologia ocorrem de forma descentralizada ou se reproduzem a histórica concentração da produção científica brasileira nas regiões Sul e Sudeste, foram analisadas teses e dissertações sobre o tema nas diferentes regiões brasileiras. Os resultados encontrados estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1
Número de teses e dissertações acadêmicas e profissionais por região brasileira sobre o Ensino de Sociologia (1993-2021)

Podemos observar os dados considerando ou não os mestrados profissionais, o que implica em resultados bastante diferentes. Os mestrados profissionais contribuem para deslocar a concentração de pesquisas do Sudeste para o Nordeste. Se desconsiderarmos os trabalhos defendidos nos mestrados profissionais, observaremos uma concentração maior de dissertações e teses no Sudeste brasileiro, reproduzindo a histórica concentração da produção acadêmica nessa região. A região Norte apresenta pouca participação no volume de trabalhos sobre o Ensino de Sociologia, sendo a única região brasileira que ainda não teve uma tese de doutoramento defendida cujo tema fosse o Ensino de Sociologia, situação que Bodart e Cigales (2017) haviam destacado anteriormente. O Centro-Oeste, por sua vez, é a única região em que o Ensino de Sociologia não foi tema de dissertação de mestrado profissional. A mudança de maior notoriedade diz respeito à participação do Nordeste, já que estudos anteriores (Handfas; Maçaira, 2014; Bodart; Cigales, 2017; Antunes; Garcia; Alves, 2019) destacavam a predominância do eixo Sul-Sudeste até o ano de 2016. Atualmente, o Nordeste apresenta o maior número de trabalhos de dissertações e teses sobre o Ensino de Sociologia, o que indica uma mudança significativa na geopolítica das pesquisas sobre o tema. Para um exame mais detalhado, observamos em quais instituições o “Ensino de Sociologia” vem sendo pesquisado na pós-graduação. Apresentamos os dados no Quadro 2.

Quadro 2
Instituições de Ensino e Pesquisa (IEPs) com cinco ou mais trabalho defendidos sobre o Ensino de Sociologia no Brasil (1999-2021)

Apesar de não estar incluído no Quadro 2, é importante ressaltar que 66 IES tiveram trabalhos defendidos sobre o Ensino de Sociologia no Brasil, sendo que 29 delas publicaram três ou mais trabalhos. As outras 3713 IES contribuíram com até dois trabalhos publicados durante o período analisado.

Ao considerarmos a distribuição das teses e dissertações sobre o tema, notamos que algumas IES brasileiras têm uma importante participação nessa produção acadêmica. Destacam-se a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Fundaj, a UEL, a Universidade Federal de Campina Grande (UFPB) e a Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA). Dessas, três estão localizadas no Nordeste, uma no Sudeste e uma na região Sul. Essas cinco IES concentram 39,77% das teses e dissertações defendidas no Brasil. A mudança mais significativa na espacialização das pesquisas está na participação do Nordeste, que até 2017 tinha uma participação discreta (Handfas; Maçaira, 2014; Bodart; Cigales, 2017; Antunes; Garcia; Alves, 2019), aparecendo nesta pesquisa com nove instituições dentre as 18 com o maior número de dissertações e teses sobre o Ensino de Sociologia defendidas no período.

A Unesp, a UEL e a UVA têm a maior produção de dissertações e teses no subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia, ocupando um lugar de distinção. Como resultado, os agentes sociais ligados a essas instituições e envolvidos nesse subcampo tendem a receber maior reconhecimento de seus pares. É possível que pesquisadores-egressos oriundos dessas três IES tenham melhores condições14 de se manterem no subcampo de pesquisa após a conclusão de seus cursos, pois: a) seus títulos tendem a ser valorizados no espaço em questão; e b) o habitus adquirido permite um trânsito mais fácil nesse subcampo (Bourdieu, 2004). Apesar disso, consideramos outros fatores como relevantes para compreendermos a possibilidade desse reconhecimento simbólico, uma vez que o prestígio social também passa pelo reconhecimento da instituição de ensino, da nota do PPG junto à Capes, do reconhecimento dos orientadores a partir da bolsa de produtividade do Conselho Nacional de Pesquisa Científica (CNPq), dos trânsitos em congressos científicos e associações acadêmicas nacionais e internacionais, da publicação de livros e dossiê, entre outros.

Essas dinâmicas tensionam a capacidade de tais instituições se legitimarem no subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia somente pelo número de trabalhos que produzem, uma vez que as regras do campo da Sociologia brasileira podem exercer uma influência sobre a organização desse espaço, ainda mais se considerarmos que instituições mais prestigiosas como Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade de Brasília (UnB) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ainda que com menor número de trabalho, também participam da área de pesquisa.

Com relação à disparidade do número de publicações de dissertações e teses, Bodart e Cigales (2017) levantaram a hipótese de que o fato de alguns cursos terem mais defesas de dissertações do que teses é referente à não oferta do curso de doutorado em alguns PPGs, o que, em alguma medida, dificulta a continuidade dos estudos. É importante ressaltar que pode haver uma redução no número de estudantes entre um curso e outro. Essa hipótese se torna ainda mais relevante nesta pesquisa quando consideramos as instituições que oferecem apenas o mestrado profissional. Os dados apresentados apontam para possíveis caminhos de pesquisas que se dediquem a investigar as trajetórias dos(as) pesquisadores(as) para verificar se o Ensino de Sociologia continua presente em suas trajetórias acadêmicas, resultado da internalização das regras do subcampo de pesquisa, ou se resultam de questões contingenciais.

Os dados evidenciam que, até o ano de 2016, o avanço das pesquisas nos PPGs sobre o Ensino de Sociologia havia ocorrido principalmente no mestrado, com a identificação de apenas 12 teses sobre o tema em um intervalo de 23 anos. No entanto, após essa data, identificamos 15 teses nos últimos cinco anos de análise (entre 2016 e 2021). Enquanto, no primeiro período, identificamos uma média de 0,5 teses por ano, no segundo, essa média foi de três anual. Essa evolução sugere que as dinâmicas do subcampo em questão têm se expandido também nos cursos de doutorado no último período analisado. Isso nos possibilita pensar na continuidade das pesquisas em nível de doutorado, assim como na ampliação do número de agentes interessados em orientar trabalhos na temática.

Das 27 teses, apenas três (11,11%) foram provenientes de instituições privadas (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC-SP; Pontifícia Universidade Católica do Paraná, PUC-PR; e Universidade de Passo Fundo, UPF). Sete (25,92%) foram defendidas em instituições estaduais (Universidade Estadual do Rio de Janeiro, UERJ; Unesp; USP; UEL e Unicamp), enquanto 17 (62,96%) em instituições federais (UFRGS, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN; Universidade Federal de Alagoas, UFAL; UFPB; Universidade Federal do Pará, UFPA; Universidade Federal de São Carlos, UFSCar; Universidade Federal de Pernambuco, UFPE; UnB; UFRJ e Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC). Notamos que algumas IES se destacam na produção acadêmica, como: a) a UFRN, com quatro trabalhos; b) a UFRGS, com três; c) a Unesp, a UFRJ, a UERJ e a USP, com dois trabalhos cada uma. Isso indica que a temática vem se inserindo nas instituições mais reconhecidas no campo acadêmico das Ciências Sociais. Além disso, outras teses sobre o Ensino de Sociologia foram defendidas junto à Unicamp, à UnB e à Universidade Federal do Paraná (UFPR), o que demonstra certa capilaridade e recepção da temática junto aos PPGs com doutorado na área, elemento importante para dinamizar e legitimar a área de pesquisa na pós-graduação brasileira.

De acordo com os dados mais recentes da Plataforma Sucupira15, existem no Brasil 120 PPGs ofertantes do doutorado em Educação e 52 do doutorado na área das Ciências Sociais. Desses, encontramos um total de 18 cursos de doutorado em Educação e Ciências Sociais que tiveram ao menos uma tese defendida sobre Ensino de Sociologia, o que representa 10,46% dos cursos. Considerando o subcampo, essa crescente participação é relevante pelo ineditismo, uma vez que o tema esteve ausente nos programas brasileiros de doutoramento durante todo o século XX16.

Ao analisarmos os PPGs das áreas das Ciências Sociais, observamos que a temática do Ensino de Sociologia ocupou 13 teses de doutorado, o que representa um número ligeiramente maior do que o de teses defendidas no PPGs em Educação (12 teses). Esses dados permitem inferir que o Ensino de Sociologia tem ganhado prestígio como objeto de pesquisa nas pós-graduações em Ciências Sociais, embora seja um cenário recente, uma vez que o primeiro trabalho foi defendido em 2002. Ou seja, o tema chega primeiramente em curso de mestrado, no ano de 1993, e só em 2002 em curso de doutoramento. Certamente, essa presença entre as teses de doutorado trouxe um ganho simbólico significativo ao subcampo de pesquisa, ampliando as possibilidades de recrutamento de novas gerações de docentes que venham a contribuir para a dinamização do subcampo, uma vez que há a possibilidade de ingresso no ensino superior e na composição dos quadros dos PPGs.

6. Gênero e as pesquisas sobre o Ensino de Sociologia

As mulheres predominam como pesquisadoras do Ensino de Sociologia no Brasil, como destacado pelos trabalhos de Handfas e Maçaira (2014), Bodart e Cigales (2017) e Bodart (2024b); nesta pesquisa, verificamos que essa tendência persiste. O Gráfico 6 apresenta os valores agregados de teses e dissertações por área e gênero.

Gráfico 6
Teses e dissertações acadêmicas e profissionais nas áreas de Educação e Ciências Sociais sobre Ensino de Sociologia por gênero.

O Gráfico 6 evidencia que há um maior número de trabalhos sobre o Ensino de Sociologia defendidos por mulheres nos PPGs brasileiros em todas as áreas analisadas. Nos PPGs em Educação, 33,48% dos autores são homens e 66,52% mulheres; nos PPGs de Ciências Sociais, 37,14% são autores homens e 62,86% mulheres; nos PPGs de Sociologia, 37,84% são autores homens e 62,16% mulheres. Por meio da Tabela 2, observamos de forma mais detalhada a distribuição por gênero.

Tabela 2
Descrição estatística dos dados referentes ao gênero e ao número de dissertações teses sobre Ensino de Sociologia de acordo com a área do PPG stricto sensu

Esses dados nos permitem aferir as seguintes questões: a) as mulheres são maioria em seis das nove áreas de PPGs; b) no geral das áreas, as mulheres têm maior produção de dissertações e teses (58,5%) que os homens (41,5%); c) a maior concentração de trabalhos defendidos por mulheres está no mestrado profissional em Sociologia em Rede Nacional (45,1%), e o mesmo acontece em relação aos homens (43,8%); d) a maior diferença percentual entre autores e autoras de dissertações observamos na área de PPGs em Sociologia, onde 66,7% dos trabalhos são de autoria de mulheres, contra 33,3% de homens; e) com relação às teses, a diferença maior está nos cursos de doutoramentos em Ciências Sociais, onde 80% (quatro teses) são de autoria de mulheres, contra 20% (uma tese) de homem.

De acordo com o Censo da Educação Superior de 2019, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), no Brasil, 51,7% dos portadores de título de mestre são mulheres e 43,2% são homens. Observando as titularidades de mestre obtidas com defesas sobre o Ensino de Sociologia, apenas no mestrado profissional (onde 44,39% são autores do sexo masculino) as diferenças entre os gêneros se aproximam daquelas observadas no número de mestres no Brasil. Ainda, segundo o Censo da Educação Superior de 2019 (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2022), considerando o título de doutorado no Brasil, essa proporção é de 47,4% mulheres e 52,6% homens. No caso das 27 teses sobre o Ensino de Sociologia defendidas no período, 16 foram realizadas por mulheres, ou seja, 59,25% do total. É possível inferir que o tema do Ensino de Sociologia tem recebido maior interesse por parte de mulheres, especialmente nos programas de doutoramento. Esses dados corroboram os achados de Bodart (2024b), ao analisar a participação autoral em artigos científicos e identificar uma predominância da participação feminina.

Segundo o Censo Escolar de 2022 (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2022), 54,91% dos docentes de Sociologia eram do sexo feminino, reafirmando a histórica predominância de mulheres na educação básica. Esses dados revelam uma relação direta entre a pesquisa sobre o Ensino de Sociologia e o perfil dos estudantes de pós-graduação e dos docentes da educação básica. É evidente que as mulheres têm alcançado espaços anteriormente ocupados na sua maioria por homens nos PPGs e os temas escolhidos parecem estar relacionados às suas práticas profissionais. Essa hipótese demanda novas análises do perfil profissional dessas pesquisadoras. O que podemos afirmar de forma segura é que as mulheres têm um papel fundamental na ampliação do subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia.

7. Temas recorrentes nas pesquisas sobre o Ensino de Sociologia

Em 2012, seis temas apareciam com maior regularidade nos trabalhos de PPGs sobre o Ensino de Sociologia, sendo eles: “currículo”; “práticas pedagógicas e metodologias de ensino”; “concepções sobre a Sociologia Escolar”; “institucionalização das Ciências Sociais”; e “trabalho docente e formação do professor” (Handfas; Maçaira, 2014). Antunes, Garcia e Alves (2019) destacaram que, até o ano de 2015, os temas mais presentes eram “currículo”, “formação de professores”, “recursos didáticos” e “institucionalização da Sociologia”. Em 2016, Bodart e Cigales (2017) haviam notado o aparecimento contundente de dois novos temas, sendo eles: “formação docente” e “livro didático”. Indicaram, também, que a institucionalização da disciplina era o tema mais recorrente17.

A despeito da dificuldade de identificar com precisão os temas das teses e dissertações, procuramos classificá-las por meio da leitura de seus títulos, resumos e palavras-chave. Para isso, concentramo-nos nos enunciados presentes nos objetivos de cada pesquisa. Os resultados obtidos foram compilados na Tabela 3.

Tabela 3
Temas das dissertações e teses sobre Ensino de Sociologia

Ao analisarmos a Tabela 3, fica evidente que os temas mais proeminentes são “currículo” (24,2%) e “prática docente” (19%). Após mais de uma década de presença da Sociologia no ensino médio em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, a preocupação dos(as) pesquisadores(as) tem sido compreender “o que” e “como” vem sendo ensinada essa disciplina. Em linhas gerais, os trabalhos que se voltam ao currículo discutem-no de forma mais centrada nos conteúdos curriculares, buscando especialmente identificar se determinados temas estão sendo abordados nas aulas de Sociologia.

Já as dissertações e teses categorizadas como “prática docente” tratam, em sua maioria, de análises sobre como o Ensino de Sociologia vem sendo conduzido nas escolas. O terceiro tema mais presente é o dos “livros didáticos”, o que se deve, em grande parte, à sua forte presença nas escolas e ao impacto que exercem na orientação das práticas docentes. A maior parte desses trabalhos visa avaliar a presença, a ausência e a forma como determinados temas são abordados nos livros didáticos distribuídos por meio do PNLD. Até 2014, apenas dois trabalhos eram centrados nos livros didáticos, enquanto os demais 33 foram defendidos após essa data. Isso se deve, em grande parte, à introdução da Sociologia no PNLD somente em 2012.

O tema “currículo” ganhou força nos anos de 2021 e 2022, concentrando 60,8% das pesquisas. Até o ano de 2011, o tema “prática docente” representava apenas 4,2% dos trabalhos que se voltavam a essa temática. No entanto, entre 2020 e 2021, passou a representar 55,4% dos trabalhos sobre o assunto, indicando um interesse crescente dos pesquisadores por investigar como o Ensino de Sociologia é conduzido nas escolas. As teses de doutorado abordaram principalmente os temas “prática docente”, com sete trabalhos (30,4%), e “currículo”, com quatro teses (17,4%). Nos mestrados profissionais, por sua vez, os temas mais abordados foram “currículo” (23,8%) e “prática docente” (22,2%). Já nos mestrados acadêmicos, os temas predominantes foram os mesmos, com “currículo” representando 25,1% das dissertações e “prática docente” representando 14,6%.

Encontramos a maior discrepância em relação ao tema “História da disciplina” entre os mestrados profissionais e acadêmicos. Enquanto nenhum trabalho de mestrado profissional abordou diretamente esse tema, ele foi central em 18 dissertações do mestrado acadêmico. Outras discrepâncias nos chamaram a atenção: identificamos apenas uma dissertação de mestrado acadêmico que tratou diretamente de “metodologias de ensino”, enquanto no mestrado profissional encontramos 24 trabalhos sobre o assunto. Destacamos que, no mestrado acadêmico, foram defendidas oito dissertações sobre a “institucionalização da Sociologia escolar”, mas não identificamos nenhuma dissertação do mestrado profissional ou tese de doutoramento abordando essa temática.

Notamos uma relação direta entre a configuração dos temas mais presentes nas teses e dissertações e as conformações do subcampo do Ensino de Sociologia. Esses dados devem ser analisados à luz de eventos recentes, como a presença/ausência da Sociologia no ensino médio, as dinâmicas das diretrizes curriculares, a expansão das licenciaturas em Ciências Sociais e dos mestrados profissionais, bem como a importância do PNLD. Para continuar a entender as dinâmicas das produções dos PPGs em relação ao Ensino de Sociologia, é importante considerar a Reforma do Ensino Médio (Brasil, 2017b) e as mudanças no PNLD (Brasil, 2019). Esses eventos estão diretamente relacionados aos temas mais pesquisados nos últimos anos: “currículo”, “prática docente” e “livro didático”.

Os dados encontrados, associados às conformações do campo do Ensino de Sociologia, permitem-nos inferir que estamos diante de um processo de fortalecimento do subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia e, consequentemente, do processo de autonomização do campo do Ensino de Sociologia no país. Ao tratar da autonomização do campo artístico em relação ao campo religioso, Bourdieu (2007) destacou três aspectos que nos ajudam a pensar o campo do Ensino de Sociologia: a) a constituição de público consumidor; b) a ampliação de produtores; e c) a multiplicação e a diversificação de instâncias de consagração.

O contexto mais amplo do campo do Ensino de Sociologia associado a esta pesquisa evidencia: a) a constituição de consumidores da produção sobre o Ensino de Sociologia, o que ocorre pela ampliação dos cursos de licenciatura em Ciências Sociais e pela abertura dos PPGs ao tema; b) a ampliação de pesquisadores e pesquisas sobre o Ensino de Sociologia, inclusive nos PPGs, como demonstrado; e c) a criação de diversas instâncias de distinção social especializadas, tais como entidades científicas, revistas, eventos especializados e dossiês. Contudo, não advogamos estar diante de uma instância autônoma como campo, mas sim diante de um subcampo de pesquisa que se constitui dos campos científicos das Ciências Sociais e da Educação, bem como do campo educacional brasileiro. Por isso, pensar o subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia demanda compreender outras dimensões e dinâmicas sociais, como destacado por Pereira (2022). Acreditamos que esta pesquisa nos auxilia a entender melhor as conformações desse subcampo de pesquisa.

8. Considerações finais

A questão levantada por Oliveira (2022) sobre o papel dos PPGs em relação ao Ensino de Sociologia é relevante para refletirmos sobre as implicações dos PPGs e suas produções sobre a temática no Brasil. Os resultados obtidos indicam que os PPGs, especialmente os mestrados profissionais, têm um papel fundamental na dinamização desse subcampo de pesquisa, produzindo conhecimentos que podem (e devem) ser utilizados pelos professores da educação básica. Além disso, os cursos de doutorado têm contribuído para a formação de futuros docentes de PPGs, ampliando as possibilidades de expansão do Ensino de Sociologia como tema de pesquisa.

Esta pesquisa foi orientada por algumas questões que serão retomadas aqui. A primeira delas se refere à contribuição dos PPGs stricto sensu para a consolidação de um subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia. Os dados indicam que, embora o tema ainda não esteja presente na maioria dos PPGs em Educação, Ciências Sociais ou Sociologia, sua presença é significativa e vem aumentando progressivamente, o que nos leva a pensar no processo de fortalecimento do subcampo de pesquisa sobre o Ensino de Sociologia no Brasil.

A segunda questão suscitada: qual seria a contribuição dos mestrados profissionais de Sociologia nesse processo? A partir dos dados desta pesquisa, podemos inferir que tais programas têm colaborado para dinamizar o subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia. Considerando que quase a totalidade dos mestrandos são docentes da educação básica, essas pesquisas podem ter um impacto mais rápido na prática educacional da disciplina na educação básica, ainda que precisemos de pesquisas futuras para compreender a dinâmica de legitimação desses agentes no campo acadêmico.

Podemos inferir que o processo de autonomização do subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia, como entendido por Bourdieu (2007), é correlato à produção intelectual. Dessa forma, os pesquisadores, ao estarem imersos em instâncias ou espaços ocupados pelo tema (eventos, revistas, entidades especializadas, programas educacionais, PPGs, entre outros) e ao serem reconhecidos socialmente pelo que pesquisam, tendem a reproduzir as regras do jogo em processo de consolidação. É importante destacar a predominância das mulheres18 enquanto pesquisadoras do subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia. Esse número pode estar relacionado ao fato de que muitas autoras também lecionam a disciplina na rede básica, técnica e profissional, e que podem estar exercendo uma força no direcionamento das temáticas de pesquisa da área, direcionando o subcampo e sua agenda para questões práticas, como as metodologias de ensino, o currículo e a formação de professores.

Certamente que uma análise mais aprofundada da trajetória de mulheres nesse subcampo de pesquisa, principalmente quando olhamos para os espaços mais prestigiados do campo acadêmico – docente permanente em PPG; bolsistas produtividade do CNPq; orientações de mestrado e doutorado, entre outros –, deve levar em consideração os sistemas de opressão/dominação historicamente construídos e atravessados, tanto pelos marcadores interseccionais (raça, gênero e classe) quanto pelos papéis sociais que exercem força no cotidiano dessas agentes (como por exemplo, aquelas atividades invisibilizadas, como as atividades domésticas e de cuidados familiares). Todos esses elementos pesam na análise dessas trajetórias e merecem ser aprofundadas em pesquisas futuras.

Pensamos que o fortalecimento do subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia no Brasil dependerá muito mais da capacidade dos egressos de doutorado ingressarem nas carreiras docentes do magistério superior e junto aos quadros dos PPGs, orientando trabalhos sobre a temática (questão central para pensarmos o processo de uma relativa autonomização do subcampo de pesquisa, uma vez que possibilitaria romper com as dinâmicas de dependência da área com sua permanência na educação básica). Nesse sentido, mais pesquisas podem ser realizadas para: a) acompanhar a trajetória profissional dos(as) pesquisadores(as) com doutorado na área; e b) mapear o efeito dessas trajetórias para o mantimento do subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia na pós-graduação stricto sensu.

Também questionamos se as tendências observadas nas pesquisas anteriores foram modificadas no contexto das recentes mudanças curriculares. Quanto às permanências, observamos a predominância de pesquisadoras do sexo feminino, bem como uma maior participação do Nordeste no volume de dissertações, enquanto o Sudeste predomina quando consideramos apenas as teses. Outro aspecto que continua presente se comparado aos achados de Bodart e Cigales (2017) é a concentração dos trabalhos em poucas instituições privadas. A região Norte continua sendo a região brasileira com o menor número de dissertações e teses sobre o Ensino de Sociologia. Com relação às mudanças, notamos uma rápida ampliação no volume de pesquisas sobre o Ensino de Sociologia, bem como a significativa presença dos mestrados profissionais, em particular, o ProfSocio.

Esperamos que este estudo possa contribuir para essa agenda de pesquisa, com destaque para o estudo das trajetórias profissionais de egressos do mestrado e doutorado na área, bem como seus interesses de pesquisa subsequentes, o impacto das dissertações no campo do Ensino de Sociologia, as redes de pesquisadores que se formam e a influência da inclusão do tema nos PPGs na trajetória dos egressos das licenciaturas em Ciências Sociais e na qualificação docente.

  • 1
    Embora utilizemos a expressão “ensino de Sociologia”, as pesquisas nessa área não se limitam apenas à prática docente. Elas abrangem diversas outras questões relacionadas às disciplinas de Sociologia, Antropologia e Ciência Política, ofertadas em diferentes etapas e modalidades. Isso inclui, por exemplo, a formação de professores de Sociologia, a elaboração de currículos, as políticas públicas e a produção acadêmica sobre o ensino das Ciências Sociais.
  • 2
    Ainda que não seja nosso objetivo promover uma discussão teórica, consideramos relevante enfatizar a perspectiva que adotamos e que direciona nossas análises, o que permitirá que os leitores possam compreender nossas escolhas de recortes e os exames realizados.
  • 3
    O ProfSocio está organizado em três linhas de pesquisa, sendo elas “Educação, escola e sociedade”, “Juventude e questões contemporâneas” e “Práticas de ensino e conteúdos curriculares”, sendo este último o principal espaço de produção de dissertação sobre o ensino de Sociologia.
  • 4
    Os dados disponibilizados pelo blogCafé com Sociologia (2022) conformaram a base inicial de coleta.
  • 5
    Tratam-se das seguintes Instituições de Ensino Superior: Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ); Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio); Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS); Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); Universidade Estadual do Ceará (UFC); Universidade Estadual de Londrina (UEL); Universidade Estadual de Maringá (UEM); Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UFRJ); Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UFRN); Universidade Federal de Alagoas (UFAL); Universidade Federal do Ceará (UFC); Universidade Federal de Goiás (UFG); Universidade Federal do Maranhão (UFMA); Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Universidade Federal do Piauí (UFPI); Universidade Federal do Paraná (UFPR); Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ); Universidade Federal de Santa Catarina (UFSM); Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); Universidade Federal de Uberlândia (UFU); Universidade de Brasília (UnB); Universidade Estadual de São Paulo (UNESP); Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade de São Paulo (USP).
  • 6
    Os dados disponíveis no blog Café com Sociologia foram atualizados até 25 de junho de 2020, o que significa que trabalhos disponibilizados posteriormente não foram contemplados. Além disso, o BTD da Capes não fornece todas as informações atualizadas, e parte significativa dos trabalhos sobre o ensino de Sociologia que constavam no banco de dados das IES pesquisadas não foram encontradas. Algumas pesquisas localizadas no blog e no BTD também não estão presentes nos bancos de teses das IES. Por isso, para obter uma visão mais completa, foi necessário realizar o cruzamento entre todas as bases de dados.
  • 7
    Foram encontrados os seguintes PPGs: Antropologia e Sociologia; Sociologia e Ciência Política; Educação Agrícola; Ensino e Processos Formativos; Letras, Desenvolvimento Rural, Formação Docente Interdisciplinar; Educação Contemporânea; Educação Escolar, Linguagem e Sociedade, Ciência Política, Sociologia e Antropologia, Antropologia Social, Políticas Públicas e Formação Humana; Ensino, Ciências Sociais e Humanas; Sociologia Política, Docência para a Educação Básica, Educação Profissional; Desenvolvimento e Sociedade, Interdisciplinar em Humanidades e Bioética.
  • 8
    Essas mudanças curriculares precisaram dar conta de estágios obrigatórios supervisionados com carga horária mínima de 400h e de disciplinas pedagógicas especializadas no ensino de Sociologia, como Prática de Ensino de Sociologia, Metodologia do Ensino de Sociologia, entre outras.
  • 9
    Os demais dados estão dispersos em diversos PPGs, o que prejudicaria a visualização e a compreensão dos gráficos.
  • 10
    O Programa de Residência Pedagógica foi descontinuado no edital da Capes de 2024.
  • 11
    Cabe ressaltar que a participação dos PPGs em Antropologia e Ciência Política é limitada, ocupando um lugar menos proeminente nas discussões sobre ensino. Conforme observado por Oliveira (2022), tais áreas apresentam uma relação histórica menos estreita com o tema do ensino, o que pode explicar a participação reduzida desses programas no corpus da pesquisa.
  • 12
    O objetivo do ProfSocio é aprimorar a prática de ensino dos professores de Sociologia, mas isso não implica que os trabalhos de conclusão devam ser obrigatoriamente voltados ao ensino de Sociologia. Temas como “violência escolar”, “identidade e juventude”, entre outros, são frequentemente abordados nesses trabalhos.
  • 13
    As demais instituições são: Universidade Estácio de Sá (Unesa/RJ); Universidade Estadual do Ceará (UECE); Universidade Estadual de Maringá (UEM); Universidade Federal de Goiás (UFG); Universidade Federal do Maranhão (UFMA); Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT); Universidade Federal do Piauí (UFPI), cada uma com dois trabalhos publicados. E com um trabalho publicados, temos as seguintes instituições: Colégio Pedro II (CPII/RJ); Universidade Regional de Blumenau (FURB); Instituto Federal Fluminense (IFF); Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG); Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN); Instituto Federal do Tocantins (IFTO), Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (IUPERJ); Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas); Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS); Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS); Universidade Estadual da Paraíba (UEPB); Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB); Universidade Federal do Acre (UFAC); Universidade Federal do Espírito Santo (UFES); Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFFRJ); Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM); Universidade Estadual do Paraná (Unespar); Universidade Alto Vale do Peixe (Uniarp); Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab); Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep); Universidade Nove de Julho (Uninove); Universidade Federal de Rondônia (Unir); Universidade de Passo Fundo (UPF); Universidade do Vale do Rio de Sinos (Unisinos); Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR); Universidade Regional do Cariri (URCA); e Centro Universitário do Vale do Cricaré (UNIVC).
  • 14
    Essa é uma variável importante para a permanência no subcampo, embora não seja a única, já que, como indica Bourdieu (2019), existem forças e estratégias de conservação e subversão que precisam ser consideradas.
  • 15
    Consulta realizada em 23 de fevereiro de 2023 (Brasil, 2023b).
  • 16
    Com exceção da tese de livre docência de Costa Pinto, intitulada A sociologia na escola secundária brasileira, publicada em 1947.
  • 17
    Importa destacar que as categorizações realizadas por esses trabalhos anteriores possuem metodologias distintas, o que pode gerar imprecisões e dificultar uma análise comparativa ou evolutiva da presença dos temas na pós-graduação.
  • 18
    Estamos cientes de que o binarismo proposto por esta análise entre os gêneros feminino e masculino não responderia os aspectos mais densos e complexos que atravessam os estudos de gênero e suas diferentes compreensões desse fenômenos. Assim, propomos lançar observações gerais sobre a composição do subcampo de pesquisa, esperando que futuras pesquisas possam aprofundar esse debate de maneira mais qualificada.
  • Fonte de financiamento:
    Edital DPI/DPG número 4/2024 da Universidade de Brasília (UnB), direcionado para o apoio a execução de projetos de pesquisa científica, tecnológicos e de inovação.
  • Aprovação do Comitê de Ética:
    Esta pesquisa não envolveu seres humanos, nem procedimentos que demandam apreciação por Comitê de Ética em Pesquisa. Ainda assim, os autores se comprometeram a tratar as fontes documentais e os trabalhos analisados com o devido respeito e rigor acadêmico.
  • Disponibilidade de Dados:
    os dados coletados nesta pesquisa estão disponíveis em Repositórios Institucionais abertos.

Referências

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Editado por

  • Editor:
    Bernardo Caprara

Disponibilidade de dados

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Maio 2025
  • Data do Fascículo
    2025

Histórico

  • Recebido
    23 Abr 2023
  • Aceito
    06 Ago 2024
Creative Common - by 4.0
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